Imaginem a seguinte situação: uma aluna
chega para a aula de anatomia e o cadáver do laboratório é o seu pai!
Infelizmente, já aconteceu um caso parecido no Paraná, e dá para imaginar o
tamanho do desespero. Ninguém merece passar por isso, pois viola a intimidade
de maneira indiscriminada.
Nada que se compare, mas, outros casos de
violação explícita estão ocorrendo na internet em larga escala. Com boa
intenção e o objetivo de compartilhar experiências e estudos de caso,
profissionais da Radiologia do Brasil inteiro compartilham imagens e radiografias
de pacientes nas redes sociais. Entretanto, não tomam cuidados básicos para
proteger a identidade da vítima. Pior, fazem publicações sem qualquer
consentimento do paciente.
Se no Facebook a coisa anda feia, no
Whatsapp está pior. O volume de informações que trafega sem qualquer filtro é
assustadora. Qualquer pessoa consegue se infiltrar nos grupos e montar um
grande banco de dados com as imagens que são compartilhadas para usar como bem
entender, onde quiser.
Segundo a presidenta do Conselho Nacional
de Técnicos em Radiologia (CONTER) Valdelice Teodoro, não é ético fotografar e
publicar imagens de pacientes acidentados nas redes sociais. “Mesmo nos grupos
fechados, é impossível controlar a informação, que pode acabar caindo em mãos
erradas. Temos uma responsabilidade muito grande. Mais que profissionais,
devemos ser verdadeiramente humanos, e pensar se gostaríamos de ser expostos da
forma como pretendemos fazê-lo com outras pessoas”, opina.
As responsabilidades previstas no Código de
Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas expressam o compromisso que
os técnicos e tecnólogos em Radiologia devem ter com a preservação da dignidade
humana. Todavia, não é só uma questão ética, é uma questão constitucional.
Privacidade é o direito à reserva de
informações pessoais e da própria vida privada. A publicação de imagens e
radiografias sem autorização prévia ou que violem a intimidade das pessoas é
dolo previsto no Artigo 5º Inciso X da Constituição Federal, que diz: “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação”.
Importante lembrar que tudo o que se faz na
internet fica o rastro, todo computador tem registros e protocolos que permitem
identificar a fonte da informação. Portanto, é necessário avaliar com prudência
o que é ético fazer ou não. Cada um responde pelos seus atos profissionais.
“Por mais que as redes sociais tenham
criado um ambiente favorável para esse tipo de interação, penso que os
congressos, laboratórios e salas de aula são espaços mais apropriados para
essas discussões. Devemos ser responsáveis pelo controle dessas informações,
pois não sabemos nem da metade do bem e do mal que podemos fazer às pessoas”,
finaliza a presidenta do CONTER Valdelice Teodoro.
Fonte:
Conter
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